AUTORIA – Lucas, nome grego
que significa "aquele que traz a luz". Era médico e passou a ser
considerado historiador devido, principalmente, à produção do livro de Atos.
Nascido em Antioquia da Síria, Lucas é o único escritor bíblico do qual podemos
afirmar que era gentio. A autoria lucana para o terceiro evangelho foi
testificada por Tertuliano e Irineu. Este último registrou: "Lucas
escreveu em um livro o evangelho que Paulo pregava."
Enquanto o evangelho de
Mateus foi escrito por um judeu para judeus e Marcos foi escrito por um judeu
para gentios, o evangelho de Lucas foi escrito por um gentio para os gentios.
Temos, portanto, testemunhos diversos a respeito de Jesus os quais são vistos
sob ângulos diferentes e procurando atingir objetivos variados. Sobre o valor
dessa diversidade, é bom lembrarmos que muitos foram os que testemunharam sobre
Jesus: os discípulos, os inimigos, os demônios, e, no fim dos tempos, toda
língua confessará que ele é o Senhor (Fp.2.10-11).
REFERÊNCIAS A LUCAS
Cl. 4.7-15 – Fm.23-24 - Lucas
com Paulo e Marcos.
At.16.10; 20.6; 21.18; 27.1;
28.16; At.1.1; Lc.1.1-3. – Referências veladas. Em todos esses textos, o
escritor é o próprio Lucas. Sua presença se mostra discretamente através da
conjugação verbal em primeira pessoa. Em seus escritos, Lucas não menciona seu
próprio nome.
II Tm.4.11 - Nos momentos
finais do ministério de Paulo, Lucas continuava em sua companhia.
Segundo a tradição, Lucas
evangelizou o sul da Europa e foi martirizado na Grécia aos 84 anos de idade.
Por falta de cruz, foi pregado numa figueira.
DESTINATÁRIO
O livro foi destinado a
Teófilo. Seu nome significa "amigo de Deus". O tratamento que Lucas
lhe dispensa: "excelente", "excelentíssimo" ou
"digníssimo", conforme a versão que se utilize, tem levado a crer que
Teófilo era uma autoridade pública, um oficial romano. Tem-se deduzido que
Lucas viu naquele homem a pessoa adequada para publicar sua obra entre os
gentios, o que ocorreu com pleno êxito.
DATA – Por volta do ano 60. As datações
têm oscilado entre os anos 58 e 65.
TEXTO CHAVE – 19.10 – "Porque o Filho do
Homem veio buscar e salvar o perdido."
FRASE CHAVE – "O Filho do Homem" – Tal
terminologia não é exclusiva de Lucas. Ezequiel traz a expressão 91 vezes. Esta
era a forma como Deus chamava o profeta. Mateus, Marcos e João também se
referem a Jesus através deste título. O próprio Lucas usa o mesmo tratamento em
Atos 7.56. Esse foi um título que Jesus deu a si mesmo. Observa-se nesse
detalhe a humildade do Mestre. Podendo usar nomes gloriosos, ele se chamava
apenas de "Filho do Homem". Apesar da ausência de exclusividade para
o uso do título, o mesmo é apresentado como frase chave do livro de Lucas
porque o autor apresenta Jesus como homem, destacando assim a humanidade de
Cristo sem omitir sua divindade. Sendo perfeitamente humano, Jesus estava
habilitado a ser o representante legítimo dos seres humanos.
- Só Lucas menciona o choro
de Jesus por Jerusalém, numa demonstração de sensibilidade humana.
- Em sua apresentação de
Jesus como homem, Lucas menciona a genealogia do Senhor até Adão. Fica
demonstrada a humanidade de Cristo. A genealogia é uma forma de demonstrar que
Cristo não apareceu magicamente, mas nasceu de uma descendência, embora de modo
sobrenatural.
- Lucas oferece mais
informações sobre o nascimento e a infância de Jesus do que os outros
evangelhos.
- Lucas destaca a atitude ou
menção amável de Cristo em relação: aos pobres (6.20); à mulher pecadora
(7.37); mendigos (16.20-21); samaritanos (10.33); leprosos (17.12 – narrativa
exclusiva); publicanos e pecadores (17.12); O ladrão na cruz (23.43 – narrativa
exclusiva).
CARACTERÍSTICAS
As características dos
evangelhos vão variando de acordo com a "lente" pessoal do autor. Os
assuntos que interessam aos destinatários, sua profissão pessoal, a ênfase que
deseja dar à mensagem, tudo isso vai moldando o livro.
- Lucas apresenta mais
parábolas que os outros evangelhos. Mateus inclui 15; Marcos, 4 e Lucas, 23,
dentre as quais duas são exclusivas: O Filho Pródigo e a Dracma Perdida. O
caráter dessas duas parábolas confirmam o texto chave.
- Lucas apresenta tom
poético, exultante, festivo. Só ele registrou os cânticos, orações e
declarações de Zacarias, Isabel, Maria, Simeão e dos anjos.
- A universalidade do
evangelho é uma tônica do livro – 2.32; 3.6; 24.47. O autor mostra a
receptividade de Cristo para com todo tipo de pessoas: Samaritanos – 9.52-56;
Pagãos (2.32; 3.6-8); Judeus (1.33; 2.10); Mulheres; Publicanos; Pessoas
respeitáveis (7.36; 11.37; 14.1); pobres (1.53; 2.7; 6.20); ricos (19.2; 23.50).
Mateus até cita alguns desses fatos, mas Lucas entra em detalhes.
- O livro enfatiza a oração
em parábolas e relatos: o amigo importuno (11.5-8); o juiz iníquo (18.1-8); o
fariseu e o publicano (18.9-14 – narrativa exclusiva). Além disso, menciona
várias orações de Jesus. Mateus se referiu a 3 orações do Mestre. Marcos citou
4, João, também 4. Lucas apresenta 11 momentos de oração de Cristo: No batismo
(3.21); no deserto (5.16); antes de escolher os discípulos (6.12); na
transfiguração (9.29); no Getsêmani (22.44); na cruz (23.46). etc.
- Lucas honra a mulher em seu
livro: Isabel e Maria (1); Marta e Maria (10); Filhas de Jerusalém (23.27 –
narrativa exclusiva); As viúvas (2.37; 4.26; 7.12; 18.3; 21.2).
- Observa-se nesse evangelho
um equilíbrio de conteúdo: 23 parábolas, 20 milagres, e um boa quantidade de
texto biográfico.
- O livro de Lucas é mais
literário e mais bonito que os outros evangelhos. Comparando, podemos dizer que
Mateus é didático e religioso. Marcos é teatral e prático. Lucas é biográfico e
literário. O aspecto literário indica a habilidade de trabalhar com as
palavras. Lendo nossas traduções portuguesas não notamos grande diferença
literária entre os evangelhos. Isso ocorre porque o trabalho do tradutor
produziu o efeito de um filtro. Agora, vemos mais a característica literária do
tradutor e menos a do autor. Contudo, ainda é possível se apreciar a beleza do
evangelho de Lucas. Observe-se, por exemplo, a introdução (Lc.1.1-4). Apresenta
um cuidado e um arranjo que evidenciam o alto nível intelectual do autor.
- Lucas escreve em ordem
cronológica semelhante a Marcos (Lc. 1.3).
ESBOÇO
I – Introdução – 1.1-4.
II – O parentesco humano de
Jesus – 1.5 a
2.52
III – Batismo, genealogia e
provação de Jesus – 3.1 a
4.13
IV – O ministério do Filho do
Homem na Galiléia – 4.14 a
9.50
V – A viagem do Filho do
Homem da Galiléia a Jerusalém – 9.51
a 19.44.
VI – O Filho do Homem é
rejeitado e crucificado – 19.45
a 23.56.
VII - A ressurreição,
ministério após a ressurreição e ascensão do Filho do Homem – 24.1-53.
Em caso de utilização
impressa do presente material, favor mencionar o nome do autor:
Anísio Renato de Andrade – Bacharel em Teologia.
BIBLIOGRAFIA
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