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sexta-feira, 12 de julho de 2013

Teologia - historia de Isarel - O Período Intertestamental

O Período Intertestamental
Anterior à Igreja  - Uma visão geo-político-religiosa. 
 
INTRODUÇÃO
Em geral, quando lemos a Bíblia, passar do Velho Testamento para o Novo Testamento, é apenas uma questão de virar uma página, aquela correspondente a Malaquias 5, para 
Mateus 1. 
Entretanto, os dois Testamentos não estão próximos assim, muito tempo decorre entre um e outro, com relação aos seus escritos. Este período é o chamado perídodo intertestamentário. 
O Exílio Babilônico.
O exílio babilônico é o fato fundamental mais efetivo e histórico, que modifica o pensamento hebraíco, porque o Reino do Sul de Israel, Judá, vai para o exílio como israelita, mas voltam de lá, como judeu. 
O fato relevante para o exílio babilônico, tem início no século VIII A.C., conforme narrativa dos capítulos finais de 2 Reis. Em 722 A.C., após um longo cerco, a cidade de Samaria, capital do Reino do Norte, caiu em poder dos assírios, deportando para a Assíria a maioria dos seus habitantes, e substituindo os restantes, pelo seu próprio povo, destruindo para sempre o Reino do Norte de Israel. 
Mais de um século depois o Império babilônico, subjuga a rebelde Judá, o fragmento remanescente do Estado originalmente criado por Davi e Salomão. Em 597 A.C. a família real é captura e deportada para a Babilônia, junto com a maioria da população de Jerusalém. Em 587 A.C., a cidade é destruída, o Templo é reduzido a cinzas, e Judá apagado das páginas da História. 
As condições do exílio, a partir dos livros históricos do A.T. são desconhecidas. Mas segundo Jeremias e Ezequiel, contemporâneos do Exílio, e de outras fontes, pode-se inferir quais tenham sido as condições do exílio babilônico. 
Os deportados foram assentados em comunidades mesopotâmicas perto de rios ou canais de irrigação e ficaram com algum grau de liberdade local. Podiam casar-se e levar uma vida familiar normal. Alguns chegaram a possuir casas. Praticavam a própria religião. Quando o edito de Ciro foi promulgado em 538 A.C., permitindo a repatriação, muitos preferiram permanecer na Babilônia, furtando-se aos perigos e incertezas da vida em sua empobrecida ex-pátria - uma terra que a maioria deles jamais vira. Afinal de contas, o cativeiro babilônico dura cerca de 70 anos. 
A comunidade judaica na Babilônia cresceu e prosperou, até o século X D.C., apesar de episódios de perseguições, e dando ao judaísmo alguns dos mais autorizados pesquisadores e comentadores da Lei. 
Na Babilônia, uma das principais ocupações era o estudo e cópia dos documentos que escaparam ao incêncio do Templo e foram levados pelos judeus para o cativeiro. A Arca da Aliança ( o trono de Iahweh no Santo dos Santos ) e seu conteúdo ( a evidência física da Aliança ) tinham desaparecido para sempre. A única prova material da existência de Israel passa a ser a palavra escrita. Daí a importância de organizar essa palavra como substituto para as outras evidências concretas então perdidas. Inicia-se a composição de um cânon escritural formal ( que só será fechado no segundo século D.C. ! ). 
Os exilados não podiam evitar as influências culturais estrangeiras, que se revelam na adoção de nomes babilônicos e no uso do calendário babilônico. A principal influência está na substituição da linguagem hebraíca, pela linguagem aramaíca. A rapidez da mudança é comprovada por Neemias 8,7-8, que descreve como, depois de Esdras ter feito uma leitura da Lei Mosaica diante da assembléia em Jerusalém, cerca de um século depois do retorno do exílio, foi preciso fazer em seguida uma exposição, para que as pessoas pudessem enternder o que tinham acabado de ouvir. 
 
O Retorno do Exílio.
Ciro, o persa, conquista a Babilônia. Sua estratégia consiste em permitir que os povos subjugados mantenham seus costumes, sua identidade nacional. Deu permissão para que um grupo de exilados retornasse à sua pátria, Jerusalém, e reconstruísse o Templo, que somente ficou pronto em 516 A.C. Cerca de 70 anos depois, sob Neemias, os muros de Jerusalém foram reconstruídos. 
Os livros históricos do A.T. relatam um período conturbado e obscuro, sujeito a interpretções divergentes. Tudo era escasso e difícil, na província persa da Judéia. Os exilados retornados reinvidicavam uma terra que estava em outras mãos, o que não foi bem recebido por aqueles que ficaram. Desenvolveram-se desigualdades de classe, e os impostos eram penosos. Entretanto a religião nacional voltava a ter um centro, o Segundo Templo - por quase quinhentos anos. 
Com o desaparecimento da monarquia davídica, o Templo não era uma capela real. Um sumo sacerdotado hereditário, dirigia o Templo, como instituição, que exercia influência sobre a vida do povo, de modo mais intenso que o anterior, intermediando tanto assuntos religiosos como questões civis. 
O Helenismo.
São escassas as informações da vida da Judéia, sob domínio persa, nos séculos IV e III A.C. Entretanto, sobre o povo judeu, forte influência faz a conquista do Oriente Próximo, por Alexandre Magno, em 333 A.C., derrotando os exércitos persas em Isso, e na Judéia, os judeus aceitam de bom grado o domínio grego. 
Com a morte de Alexandre, Ptolomeu e Seleuco, e seus descendentes, iniciam as dinastias dos ptolemaicos e seleucidas, respectivamente. 
Com os gregos chega a rápida helenização dos povos, a cultura grega seguia os soldados gregos. O “helenismo”, o nome dado ao complexo de valores, crenças e práticas com os quais os gregos ordenavam suas vidas, foi bem aceito em quase todo o mundo conquistado. Os principais portadores do helenismo são a língua e as instituições.O grego simplificado, chamado “Koine” tornou-se a língua franca do Oriente Próximo, mesmo depois da conquista romana, em especial nas regiões orientais. 
A polis, é outro instrumento de helenização dos povos, o conceito de cidade, cidadão, cidadania. De modo geral, todos os homens livres residentes numa tal cidade eram considerados cidadãos. Eles elegiam um conselho, que por sua vez, indicada os magistrados, que lhe prestavam contas. As mulheres, as crianças e os escravos eram excluídos da vida política da cidade, mas eram beneficiados pelos equipamentos públicos da cidade - teatros ao ar livre, ginásios, banhos, estádios, mercados e templos. 
As polis eram projetadas e implantadas, segundo planos de trabalho, diferentemente das cidades orientais do Oriente Próximo, que refletiam um crescimento irregular. Quando um lugar era tomado e transformado numa polis, os seu aramáico, mas grego, e a sua cultura foi significativamente penetrada e alterada pela grega. Destinava-se à Alexandria, a tradução das escrituras hebraicas para o grego, essa obra, que começou na metade do século III A.C., e percorreu o século II, deu origem a versão Septuaginta. 
A Religião Judaíca na Diáspora.
A fé judaica era tolerada e respeitada nestes países estrangeiros. E até atraía convertidos. Os judeus gozavam de privilégios especiais, como a permissão de observar o “Sabbath”, coletar e administrar impostos par seu próprio uso e arbitrar disputas legais entre membros do seu grupo. Por acordo,estavam isentos de prestar sacrifícios aos deuses nacionais e cívicos. Ser judeu significava seguir a Lei Mosaica e reconhecer o Templo em Jerusalém, como centro legitimador de sua tradiçào, enviar o imposto anual de manutenção do Templo ( meia moeda de prata ), e ir a Jerusalém pelo menos para uma das três festas anuais de peregrinos. Em geral, a Diáspora deve ter oferecido oportunidade ao menos tão boa quanto a existente na Palestina, visto que pelo século I D.C., havia mais judeus vivendo fora da Palestina do que nela, o que acontece até hoje. 
Na Diáspora, surge a sinagoga, o lugar onde os judeus podem celebrar a sua fé de maneira pública e regular. Não se sabe com precisão o início da sinagoga. Elas podem remontar ao exílio babilônico, mas é mais provável que tenha se desenvolvido durante o período grego. Na sinagoga, se pratica uma religião sem sacrifícios, sem imagens nem sacerdotes, o principal objeto de veneração é um rolo com palavras escritas. Tal fenômeno jamais fora visto no mundo oriental. O serviço na sinagoga consistia em leituras das escrituras, orações, hinos, comentários orais, e exortaçòes a membros da assembléia. 
Na época do N.T., havia sinagogas em toda parte da Diáspora, inclusive na Palestina, são instituições diferentes do Templo, com seu próprio modo de vida. Afirma-se que as primeiras pregações cristãs aconteceram nas sinagogas. Portanto, quando da destruição do Templo, outra vez, em 70 D.C., a sinagoga estava pronta para assumir a plena responsabilidade de representante da fé judaica, e incidentalmente, servir de modelo para a igreja emergente do N.T. 
Embora estivessem bem adaptados, os judeus não podiam engolir a religião grega, por ser politeista, idólatra e carente de ensinamento ético. Do mesmo modo, ela nada tinha a dizer sobre o destino dos judeus.  Quase não há helenismos no A.T., a não ser nos Apócrifos e Pseudepígrafos. 
A Crença na Ressurreição.
A crença na ressurreição é uma das principais idéias novas do período intertestamentário, que sobreviveu para entrar na corrente principal do judaísmo. Segundo o A.T., cada indivíduo é um todo vivo indivisível. Todo o destino dos seres humanos se cumpre aqui na terra, feita expressamente para abrigá-los; ao morrer, eles vão para o sombrio mundo inferior, o Sheol, onde ficam para sempre. O mais importante corolário deste pensamento, é o princípio segundo o qual todas as recompensas e punições são dadas aqui na terra, com a justiça divina garantindo que sejam distribuídas de acordo com os méritos pessoais do indivíduo. 
A afirmação de vida após a morte no canôn judeu aparece bem mais tarde, em Daniel 12,2, escrito na Palestina cerca de 164 A.C. Não havia dúvida de que Deus pudesse reviver mortos, ou mesmo livrar da morte, como no caso de Elias e Enoque. 
A afirmação de Daniel é significativa em um contexto escatológico, em que o escritor tem em mente o destino de grupos e não o de indivíduos. Os mortos, ressuscitados ou não, são considerados membros de uma classe. A noção de que a principal tarefa da pessoa na vida é a obtenção de salvação independentemente da dos outros é alheia ao judaísmo. 
Esta nova idéia de ressurreição fornece a base para resposta à grande pergunta de Jó - se Deus rege o mundo, porque se permite que bons sofram nesta vida? Porque eles receberão grandes recompensas na próxima. 
Mas não é porque a resposta seja consistente com a pergunta, que devemos supor que tenha sido esta que a fez surgir. É provável que o conceito tenha surgido em função da perseguição dos judeus nos séculos II e I A.C. Talvez o conceito tenha surgido em 2 Macabeus, escrito perto de 124 A.C., no Egito, cobrindo eventos que vão além do final de Daniel. Segundo 2 Macabeus 7,9-14,23,29,36; 12,43-45; 14,46; a ressurreição e a vida eterna são recompensa do martírio. Nos dias tranquilos da Palestina, o mestre de sabedoria Jesus Ben Sirach, podia aderir à concepção tradicional, apresentando-a numa linguagem digna dos consoladores de Jó ( Eclesiástico 14,12-19 ). 
Se houve crença na ressurreição, não havia com certeza acordo quanto a quem seria ressuscitado. A idéia popular era de que somente os justos de Israel voltariam, em forma corporal, para gozar de uma perfeita segunda vida na terra, deixando as outras nações padecendo no Sheol, no Dia do Juízo, no fim dos tempos. 
A idéia, entretanto, era um tipo de punição, que aos poucos foi evoluindo, para tornar-se comum acreditar que os mortos indignos teriam consciência da exclusão e sofreriam com isso. É uma distância muito curta do conceito de Inferno, como local criado especificamente para os sofrimentos intermináveis do físico e da mente.  As pessoas que viviam em Jerusalém, tinham uma visão clara da analogia do Inferno, através da “Geena”, o depósito de lixo da cidade, situado na ravina do Vale de Hinnon, com sua nuvem de fumaça tóxica e seus incêncios constantes. 
A ressurreição corporal não é o mesmo que imortalidade. Esta crença, chega ao judaísmo, através da influência da cultura grega, como em Sabedoria de Salomão. Em momento próprio este conceito entra no cristianismo. Nessa concepção, o corpo é um monte de argila, indigno do seu inquilino espiritual. O dualismo entre matéria e espírito, está ausente dos escritos veterotestamentários. 
 
Dualismo ético e cósmico.
É mais uma modificação essencial da tradição do A.T. O dualismo ético vê o mal de forma generalizada, como um princípio que equilibra o princípio do bem e a ele se opõe; explica a presença do mal atribuindo-o a algum agente em ação neste mundo que o patrocina e visa aumentá-lo. O dualismo cósmico apenas projeta essa situação no âmbito universal, fazendos dos agentes do bem e do mal antagonistas que lutam não somente pela posse da alma do homem, como também pela vitória final sobre toda a criação. 
O zoroastrismo persa, é presumivelmente a fonte destas idéias para o judaísmo. Os autores do bem e do mal são respectivamente Ahura-Mazda e Angra Mainyu. Para os judeus, o autor do mal é personificado de várias maneiras - Satanás, Mastema, Azazel, Beliar, ou nos evangelhos sinóticos, Belzebu. 
No A.T., a figura do “satanás” - a palavra hebraíca significa “adversário” - é apenas um dos membros da corte celestial. É adversário da humanidade, não de Deus. Como Deus tinha anjos para fazer o seu trabalho aqui embaixo, o autor do mal tinha demônios de vários tipos para fazer o seu. Em algumas concepções, a terra deixa de ser o lar designado e próprio da humanidade e se torna um lugar de provações em que as forças do mal operam sem empecilhos. 
Talvez a introdução do dualismo ético e cósmico, tenha tido elementos na própria tradição judaica, que contém fontes potenciais dele. É antecipado nos escritos dos profetas. Em Gn 6,1-4, cria-se uma explicação para a presença dos espíritos maus sedutores de pessoas na terra; segundo os livros pseudepígrafos de Henoc e Jubileus, esses espíritos são o fruto da união antinatural entre os “filhos dos deuses” e as “filhas dos homens”. Além disso, a demonologia tinha certamente raízes na religião animista popular, anterior ao javismo, onde se introduz a antiquissima superstição de que todos os objetos materiais deste mundo são habitados por espíritos, a maioria dos quais indignos deconfiança, senão realmente perigosos para os seres humanos. 
O animismo é mais antigo que a religião organizada e os credos. A crença em demônios adversários de Deus, pode não ser tanto uma corrupção do javismo, quanto uma reversão à verdadeira religião do povo. O fato de termos de procurar muito nos escritos do A.T. por provas disto, deve-se a que o A.T. foi moldado para conformar-se com as concepções javistas. 
O Estudo das Escrituras. 
Após a reconstrução do Templo, e com toda a atividade sacerdotal e sacrifício diário regular, a atividade mais importante passou a ser o estudo e interpretação das Escrituras. Esta atividade passou a ocupar o centro da vida religiosa judaica, vindo a afetar o cristianismo. 
A doutrina judaica cardeal era a supremacia da Torá. Esta fora dada a Moisés no monte Sinai, diretamente por Iahweh, e na realidade, ela preexistia à criação do mundo. Intemporal e perfeita, sem erros nem contradições. Mas não interpretava a si mesma, com passagens obscuras, ambiguidades, duplicações e aparentes omissões. - A Torá proibia o trabalho no “shabbath”, mas em lugar algum definia o trabalho. 
Os judeus que desejavam levar a vida segundo a Lei tinham que ter uma orientação mais precisa. Surgiu então a tradição de que no monte Sinai, Iahweh dera a Moisés dois tipos de Torá - uma Torá escrita e uma Torá oral. Onde na última, muitas instruções teriam sido dadas a Moisés, sem jamais terem sido escritas. Os eruditos e sábios judeus - os “sopherim” - tinham a tarefa de descobrir essa Torá nas entrelinhas do escrito. Acreditavam que o que tinham descoberto deste modo, fora dado a Moisés, embora parecesse às pessoas de fora que eles estivessem acrescentando uma nova legislação em vez de trazerem à luz sentidos implicitos na antiga. 
Nos últimos anos do período intertestamental, surgiram “academias” em torno de certos comentadores da Torá, com o propósito de estudar sistematicamente as escrituras, e de transmitir a sua sabedoria a seus discípulos qualificados. Essas pessoas atuavam fora do quadro religioso formal, usando a inteligência e o discernimento humano, contrário aos profetas que diziam ser a voz de Deus. 
No processo de adaptação da Torá escrita ao uso prático e às mudanças conjunturais, os eruditos realizavam façanhas interpretativas. Era normal a retirada de afirmações do contexto para escrutínio. Frases individuais e até palavras também eram isoladas, caso, ao fazer assim, eles conseguissem gerar um sentido que satisfizesse o seu eventual propósito. 
O mais destacado expoente desse método era o rabi Akiva Ben Joseph, do século I D.C. Ele alegava que toda sílaba da Torá, considerando-se até o modo como era soletrada, tinha sentido independente. 
Além da desmontagem do texto praticada pelos “sopherim” , outra técnica, advinda de uma fonte distinta, teve grande influência na tradição interpretativa - a alegoria. No século II A.C. um judeu helenizado, Aristóbulo de Panéias, aprendeu a técnica da alegorização, aplicando-a à Torá. Sua tentativa era remover os antropomorfismos do seu tratamento de Deus. O mais determinado alegorizador, Filo de Alexandria, contemporâneo de Jesus, aristocrata judeu helenizado, não negava o sentido literal das escirturas judaicas, mas todo o seu esforço se voltava para extrair sentidos elevados e de cunho mais filosófico do que havia na superfície. Nas suas mãos, as escrituras tornaram-se uma espécie de livro de código para as verdades ocultas dos filósofos platônicos e estóicos. 
Antioco IV Epífanes.
A vida religiosa judaica, durante o século III A.C., veio a ser perturbada pela disputa política entre a dinastia seleucida, baseada na Síria, e a dinastia ptolemaica, baseada no Egito. Em 198 A.C. Antioco III da Síria, tomou a Palestina, sendo bem recebido pela parcela pró-selêucidas de Jerusalém, principalmente porque Antioco promulgou decretos garantindo o direito dos judeus de viverem a Lei Mosaica e preservando a santidade do Templo. Em 190 A.C. , Antioco é derrotado pelos romanos na Ásia Menor, e foi assassinado em 187 A.C. Seu filho Antioco IV Epífanes, é seu sucessor. 
Antioco IV foi persuadido com suborno, a afastar o sumo sacerdote Onias, e a nomear o irmão deste, Jasão, que sendo helenista, fez o rei garantir a Jerusalém a condição de polis grega, com instituições cívicas apropriadas. 
Os fiéis judeus, ficaram escandalizados com os novos costumes helênicos. Por exemplo, os jovens judeus no novo ginásio, participavam das competições atléticas, desnudos, como era o costume grego dos jogos olímpicos.  Mais ainda, quando Jasão é substituído, por efeitos de suborno, por Menelau, que não era membro dos saduceus, a família com direito hereditário ao sumo sacerdócio. 
A disputa partidária entre Jasão e Menelau, levou Antioco IV, a reprimir com violência as lutas internas, reduzindo Jerusalém a condição de cidade-quartel, concentrando tropas sírias na “cidadela” , uma fortaleza no topo do monto do Templo. Em 169 A.C., promulgou um edito em favor da completa helenização da Judéia, proibiu a circuncisão, a observância do “shabbath” e a posse da Torá sob pena de morte; o Templo foi consagrado a Zeus,  e realizavam-se sacrifícios de animais impuros ao deus pagão em seu altar. 
Sobre o judaísmo caíram o horror e o desânimo. Pela primeira vez na história, os judeus eram sujeitados à morte apenas por tentar praticar a sua fé. Estes eventos estimularam a redação de Daniel 7-12, em que são apresentados sob disfarce, que se tornou o padrão da maioria da literatura apocalíptica ulterior. 
 

Os Macabeus.
Num lugarejo a noroeste de Jerusalém, um velho sacerdote chamado Matatias desafiou a ordem do rei de fazer sacrifícios públicos aos deuses pagãos e matou o funcionário encarregado de obrigá-lo. Refugiou-se nas colinas rugosas da Judéia , com a família, para fazer guerrilha contra os helenizantes. Inicia-se a tradição dos Macabeus, porque um dos filhos de Matatias era apelidade Macabeu ( martelo ). A história é contada em dois livros não incluídos no canôn judaico - 1 e 2 Macabeus. Matatias faleceu em 164 A.C. Judas Macabeus, em dezembro de 164 A.C. estabelece o controle sobre toda a Judéia, conseguindo tomar Jerusalém. O Templo foi purificado e o sacrifício restaurado, um evento celebrado ainda no festival de Hanukkah. 
 

A Dinastia Asmonéia.
É a dominação dos descendentes de Matatias, por quase um século, que governaram o Estado judeu até a ascenção de Herodes Magno. Eram líderes enérgicos e habilidosos, tendo tornado a Judéia uma potência respeitável. No início do século I A.C. o Estado judeu incorporou toda a Palestina e parte da Transjordânia, alcançando assim seu maior tamanho desde os tempos de Salomão. Tais eventos acontecem sob a égide de Roma. 
O Estado asmoneu se faz às custas do abandono do legado espiritual dos seus ancestrais. Os asmoneus assumiram matizes helênicos. Politizaram o cargo de sumo sacerdote, transmitindo-o entre os membros de sua própria família. Os membros posteriores da dinastia assumiram o título de rei.  Reprimiram com violência os fariseus, que se opuseram à mundanidade da família real. 
No reinado de João Hircano, neto de Matatias, um grupo de sectários, os essênios, decidiu romper com o culto deturpado e ilegítimo no Templo, fundando a sua própria comunidade em Qumran, às margens do Mar Morto,  e os seus próprios manuscritos, descobertos recentemente. 
A dinastia asmonéia termina com lutas internas entre os sucessores de Alexandre Janeu, bisneto de Matatias, um dos quais foi patrocinado por Antípater, idumeu, homem forte amigo de Roma. O efeito das disputas internas, culmina com a chegada do exército romano liderado por Pompeu em 63 A.C., que entrou em Jerusalém, sitiou o monte do Templo e tomou a cidade. A partir daí, todos os governos judeus se fazem através de Roma. 
Herodes Magno. 
Herodes, filho de Antípater, ocupa o trono em 37 A.C. até 4 A.C. Não era judeu étnico, mas convertido idumeu, e um helenista declarado. Entrou para a linhagem asmonéia ao desposar Mariane, neta de Aristóbulo II. Depois disto dedicou-se a eliminar sistematicamente todos os pretendentes asmoneus ao trono mediante assassinato, nem os próprios filhos foram isentos. 
Era grande líder e administrador. Realizou obras públicas numa escala sem precedentes, sendo a principal a reconstrução do Templo em Jerusalém, para o que criou uma enorme plataforma de 141000 m2. Uma parcela do seu muro de arrimo, mostrando a estrutura de cimento maciço herodiana típica, está exposta até hoje, do lado oeste e tornou-se para os judeus um lugar sagrado. O Templo de Herodes, era monumento à vaidade de Herodes. 
O Estado judeu criado por Herodes, não sobreviveu à sua morte, passando os romanos a tentar governar a Palestina através de delegados : etnarca, tetrarca, representante. Pôncio Pilatos era representante de Roma, Agripa I, era rei. 
Embora o denominador comum tenha sido a subserviência a Roma, nenhum acordo era satisfatório e permanente, até o choque final entre a piedade judaica militante e a arrogância de Roma. Em 66 D.C. sob governo de Nero, eclode a guerra civil em Cesaréia, disseminando-se por toda a Palestina. Os judeus divididos opuseram-se a Vespasiano, que conquista a Galiléia em 67. 
Tendo-se tornado imperador no lugar de Nero, Vespasiano envia seu filho Tito para liderar o exército romano contra Jerusalém. A cidade foi sitiada e tomada, e o Templo, reduzido a cinzas. Era o ano 70 D.C. 
Fariseus e saduceus.


Os saduceus são um grupo menor, de conservadores religiosos e políticos, cujo principal interesse era o culto sacrificial no Templo. Muitos deles eram bem abastados e tinham boas relações com as autoridades. Rejeitavam o conceito de Lei oral e negavam a possibilidade devir a haver uma ressurreição e um julgamento dos mortos. 
Tanto os fariseus quanto os saduceus serviam no Sinédrio, presidido pelo sumo sacerdote e portador do poder religioso e civil. Com a destruição do Templo, os saduceus desaparecem visto que sua base de sustentação desaparece.
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